quarta-feira, março 24

P.s

Solidão, eu ao encontro dela e ela ao meu encontro. Fujo, me escondo por entre o sussurro, fecho os olhos para a tristeza, e corro - às cegas mesmo - o mais rápido que eu posso correr, sem destino e um ponto de chegada ou de partida. Tenho em mim a dor do mundo, do meu mundo inteiro que me envolve, do beijo não dado, dá palavra presa na garganta, das palavras feridas que sutilmente foram ditas à mim. A dor, e o peso leve da solidão. Tenho a mágoa, o coração sangrando estrassalhado. Como pesa em meus olhos vazios! Ela ao me encontro, e eu ao encontro dela, tantas e tantas vezes que torna-se minha amiga mais íntima, a amiga mais presente. Sinto frio, um frio que vem de dentro, das entranhas, do vento feito por assas de borboletas batendo na parede do estômago. E tenho fome, de afeto, de contato, E tenho muito medo, tanto que mantenho os outros longe de mim, longe da folha caída e seca em pleno outono. Tenho...

sábado, março 20

Pedra, papel e tesoura.

Coragem. Penso assim e é assim que trêmula vago por entre esse caminho abandonado. Coragem, é a palavrinha presente na ausência do meu querer. E eu já não sei mais quem eu sou. É como se um buraco estivesse aberto bem na minha frente, e eu meio bamba para frente e meio torta para trás, no quase entre me afundar e permanecer de pé. E quando é que eu soube? Dia após dia degusto essa minha inquietação interior, e dia após dia tento dia após dia mais um dia após outro dia ir esquecendo que o dia depois desse dia me fará esquecer. E vou seguindo, lembrando e esquecendo de mim mesma, de quem é que eu saiba que eu sou. Tento, mas não consigo, permaneço angustiada mesmo parecendo serena. O meu retrato é o espelho patético da imagem que penso ser adequada pra uma pessoa sã. E quem é que eu quero enganar?