sábado, fevereiro 2

Boîte Bleue (Parte 2)


Relógio de Lineu, por Carolus Linnaeus.

"Então pintei de azul os meus sapatos por não poder de azul pintar as ruas, depois, vesti meus gestos insensatos e colori as minhas mãos e as tuas. Para extinguir em nós o azul ausente e aprisionar no azul as coisas gratas, enfim, nós derramamos simplesmente azul sobre os vestidos e as gravatas". Carlos Pena Filho

Parecia mesmo que estava tudo dando errado. E Pilar não conseguia entender porque o carro dela estava estacionado a três quadras de onde ela morava. Ela lembrava perfeitamente que havia chegado em casa e estacionado o carro embaixo de sua janela, como sempre fazia. Se isso é algum jogo eu quero saber agora do que se trata. Tanta coisa estranha acontecendo... Ela estava sonhando. Eu nunca sonhei, ou nunca lembrei dos meus sonhos, para mim a realidade sempre foi o suficiente. Pegou a caixa azul e colocou no banco de trás do carro, já estava atrasada para ir trabalhar. Dessa vez se eu chegar atrasada tenho certeza que vou ser despedida, e eu preciso comprar outra poltrona, nunca gostei de lilás. Ligou o som no volume 15, assim ela podia escutar o celular tocar e cantar junto com a música. "Ando meio desligado... Eu nem sinto os meus pés no chão, olho e não vejo nada eu só penso se você me quer. Eu não vejo a hora de lhe dizer aquilo tudo que eu decorei, e depois do beijo que eu já sonhei você vai sentir mas por favor não me leve a mal, eu só quero que você me queira, não me leve a mal". Repentinamente algo aconteceu. O que essa caixa estava fazendo jogada em minha casa? E porque diabos ela é desse tamanho e tão leve? Pilar decidiu que jogaria a caixa azul no lixo assim que chegasse em seu trabalho. E se for uma bomba? Foi a partir desse momento que ela entrou em desespero, por um momento pensou que estaria sonhando ou em uma realidade alternativa, e sem ver acelerou o carro e bateu no poste. Parecia mesmo que estava tudo dando errado.
* Se não leu, leia a parte um. :)

Bem que minha avó dizia...

- Mas minha filha, ele é seu amigo ou seu colega?
- É meu amigo, pai.
- E vocês se conhecem a quanto tempo?
- Estudamos juntos por 4 anos.
- E isso tem quanto tempo?
- Tem 7 anos.
- Ele é seu amigo ou seu colega?
- Qual a diferença? Sei lá... É meu amigo.
- E eu sou seu amigo ou seu colega?
- Oras, você é meu pai.
- Humm... Quando você descobrir a diferença venha falar comigo.